Gado de leite: vantagem dos cruzamentos no gado leiteiro

Os cruzamentos em gado de leite promovem um melhoramento genético rápido com benefícios à produção.

Os cruzamentos em gado de leite promovem um rápido melhoramento genético com benefícios à produção.

A vantagem dos cruzamentos em gado de leite é obter-se o melhor de 2 ou mais raças. Em nosso país, começou-se a fazer cruzamentos de raças europeias com zebuínas com finalidade de se ter a produção da primeira com a rusticidade e adaptação da segunda. O bom do cruzamento é quando se tem o vigor híbrido (heterose). Isso ocorre quando o filho tem melhor produção ou vigor em relação aos pais. Quanto mais geneticamente diferente forem as raças, mais pronunciada é a heterose.

As raças europeias, como a Holandesa, a mais utilizada pelos produtores rurais em nosso país, têm características de alta produção. Entretanto, possuem um fator limitante quanto ao manejo, pois são exigentes devido a condições de clima e adaptação. Já as raças zebuínas têm características de boa adaptação ao nosso clima e rusticidade; por outro lado, não são altas produtoras de leite.

Quando o produtor tem um alto nível tecnológico no seu manejo, é possível se criar uma raça pura europeia com altas produtividades. Mas a realidade é que a maior parte dos produtores tem nível baixo a médio de manejo, o que dificulta a obtenção de raças puras. Esse fator gera a utilização de cruzamentos para tornar viável a produção de leite.

Grande parte do rebanho produtor de leite é fruto de cruzamentos de rebanhos holandeses com Gir. Mas não se tem uma sistematização desse método, o que promove uma diversidade de frações raciais nos rebanhos, bem como resultados. Muitos utilizam o touro Holandês no rebanho, mas se dele são geradas crias com pouca resistência, introduz-se  um touro Gir.

Uma das maiores vantagens dos cruzamentos em gado de leite é aproveitar a produção leiteira do rebanho europeu com a capacidade de adaptação climática e mais fácil manejo dos zebuínos. A quantidade de bernes, carrapatos e parasitas endoparasitos intestinais diminuem com a aumento da raça zebuína nos cruzamentos, dependendo do nível tecnológico empregado no processo.

Níveis tecnológicos

Os níveis tecnológicos empregados na criação de gado de leite variam conforme o sistema de manejo adotado e o nível de produção.

- Baixo nível: produções abaixo de 2800 kg/lactação.

- Médio nível: produções de 2800 a 4200 kg/lactação.

- Alto nível: produções acima de 4200 kg/lactação.

Cruzamentos

A partir da escolha do nível de produção que se pretende, o produtor de gado de leite deve fazer as devidas adaptações de manejo para se adequar ao sistema. Isso, muitas vezes, demanda investimentos em equipamentos e mão de obra. Por isso, tal escolha deve ser devidamente estudada.

Antes do início dos cruzamentos, estes devem ser estudados e avaliados, para se montar o melhor esquema de cruzamento para os 3 níveis de produção.

Se o nível de produção for o alto (acima de 4200 l/lactação), faz-se a opção pelas raças europeias, dentre elas a mais utilizada é a Holandesa.

Se o nível de produção for o médio (entre 2800 e 4200 l/lactação), são utilizados cruzamentos alternados, com repetição do reprodutor europeu, ou utilizar "tricross"(adicionar reprodutor de uma terceira raça).

Se o nível de produção for o baixo (abaixo de 2800l/lactação), utiliza-se a raça Girolando, com opção ( 5/8 H + 3/8 Z) fixada, e as raças zebuínas leiteiras.

Os cruzamentos de raças puras, que têm a cria chamada F1, foram muito utilizados nos anos 80 e 90 com boa adaptação ao sistema de baixa produção. Os animais com fração 5/8 HZ ficaram mais adaptados aos sistemas de mais alto nível.

Os cruzamentos das raças para criação de gado de leite são bastante utilizados em todo o país. A finalidade é tentar obter o melhor das raças utilizadas, destacando a adaptação climática e a rusticidade das raças zebuínas, e a alta produção das raças europeias. Tais cruzamentos são comuns devido ao nível de investimento que existe nas propriedades rurais, pois muitas não têm condições técnicas nem como investir na criação e no manejo das raças puras.

Por isso, é preciso atenção e organização para saber qual nível de produção que se pretende alcançar e, com isso, organizar os cruzamentos em esquemas para atingir as frações desejadas. 

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