Guzerá: rusticidade e dupla aptidão

A raça Guzerá, como é conhecida no Brasil, corresponde ao nome de Kankreg na Índia e foi o primeiro zebuíno a chegar ao Brasil

A raça Guzerá é a única raça zebuína que pode ser considerada de dupla aptidão

Guzerá

A raça Guzerá, como é conhecida no Brasil, corresponde ao nome de Kankreg na Índia e foi o primeiro zebuíno a chegar ao Brasil. É um gado zebu dos mais antigos, destacando-se como um dos mais numerosos rebanhos. O boi Guzerá é um animal de personalidade, de fácil adaptação e muita rusticidade. No fim dos anos 70, durante um período de dura seca registrada na região Nordeste, eles foram os únicos que sobreviveram produtivamente.

Ao nascer, o bovino Guzerá apresenta baixo peso, com uma média de 30 Kg para os machos e 28 Kg para as fêmeas, além disso, não apresentam problema de distocia, durante o parto, e as fêmeas têm boa habilidade materna. Em geral, possuem um aspecto de gado vigoroso, ativo, por porte, bom desenvolvimento, musculatura compacta, ossos fortes e finos e bom rendimento de carcaça.

A raça Guzerá é a única raça zebuína que pode ser considerada de dupla aptidão, com algumas linhagens definidas para leite e a maioria do gado selecionada para carne; e mesmo as linhagens definidas para leite apresentam grande porte. Quando adultos, os machos podem atingir 1300 Kg e as fêmeas 950 Kg, e quanto à produção de leite, as fêmeas podem atingir a produção de 10.000 Kg/leite/lactação.

Bovinos dessa raça apresentam um grande porte, com uma pelagem que varia do cinza claro ao cinza escuro; a pelagem da cabeça, pescoço, quartos posteriores e extremidades apresentam coloração mais escura, chegando ao negro; os chifres têm forma de lira; os pelos são curtos; a pele é escura; a vassoura da cauda, espelho nasal e pálpebras são pretas; a pelagem da fêmea tende a ser mais clara que a do macho.

Como já dito anteriormente, a raça apresenta uma alta rusticidade, isso se deve à região de origem na Índia, que apresenta uma baixa precipitação pluviométrica e uma grande amplitude térmica, tornando a raça zebuína Guzerá a de maior rusticidade às intempéries climáticas, adaptando-se bem às mais diversas regiões. No Brasil, essa característica pode ser comprovada devido ao fato de a raça estar presente, principalmente, na região Nordeste.

Devido à sua pureza racial, o Guzerá apresenta uma alto grau de heterose, o que caracteriza sua alta versatilidade no cruzamento com resultados satisfatórios. No cruzamento com outras raças (zebuínas ou europeias) o Guzerá tem demonstrado ser a raça de melhores resultados, já que, quando cruzada com outra raça zebuína, aumenta a produção leiteira das crias, que terão maior habilidade materna e um desempenho médio de peso superior.

Quando cruzada com raças europeias, aumenta a rusticidade destas, viabilizando a criação dos mestiços, mesmo nas mais severas condições climáticas. Além disso, a raça Guzerá serviu como base para a formação de algumas raças brasileiras como: Indubrasil, Tabapuã, Pitangueiras, Lavínia e, especialmente, a raça Guzolando, entre outras.

Quanto ao cruzamento leiteiro, a fêmea do Guzerá apresenta um úbere muito bonito, constituído por uma pele fina e sedosa que, quando ordenhado, parece um saco murcho. Nos cruzamentos, os tourinhos Guzerá são utilizados para consertar os úberes pendulosos e as tetas de tamanho exagerado das vacas leiteiras comuns. O touro Guzerá leiteiro é também muito utilizado como alternativa zebuína nos cruzamentos em que já foi utilizado o touro Gir.

Para maiores informações a respeito da raça Guzerá, consulte os cursos Melhoramento Genético de Gado de Leite e Produção de Leite Orgânico, ambos elaborados pelo CPT - Centro de Produções Técnicas. Leia também nosso outro artigo Vitelos: alternativa para aumentar a renda do produtor de leite.

Beatriz Lazia 14-02-2013 Pecuária de Leite

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