Cultura da soja: a importância da prática da inoculação

Na cultura da soja, a prática da inoculação de Bradyrhizobium leva à economia de adubação nitrogenada

 Na cultura da soja, a prática da inoculação de Bradyrhizobium leva à economia de adubação nitrogenada.

Cultura da soja: a importância da prática da inoculação

A soja tem grande destaque na agricultura nacional, somos um dos maiores produtores de soja do mundo e um dos principais exportadores dessa leguminosa. Na cultura da soja, a fixação biológica de Nitrogênio ocorre graças à prática de inoculação de bactérias do gênero Bradirhyzobium nas sementes. A importância dessa operação é que 80 kg de nitrogênio/ha produzem 1000 kg de soja. A operação, se bem feita, pode, em condições de fertilidade de solo boas, levar o produtor a não aplicar Nitrogênio, em formulações de plantio, tornando o custo da lavoura baixo.

O que é inoculação?

A fixação biológica de Nitrogênio é a principal fonte desse macroelemento fundamental para o crescimento das plantas na cultura da soja. A inoculação consiste na aplicação destes nas sementes da soja. Em contato com as raízes da planta, as bactérias do gênero Bradyrhizobium provocam uma infecção, que se manifesta na forma de nódulos. Da mesma forma, exercem uma relação de mutualismo, sobrevivendo nas raízes da planta, e, em troca, fixam Nitrogênio. Este é aproveitado pela planta para sua nutrição.

Tipos de inoculante e qualidade

Os inoculantes para a cultura da soja são encontrados no mercado de duas formas: líquidos e  turfosos. Os líquidos atualmente são os mais utilizados por sua facilidade de aplicação. O inoculante deve proporcionar uma população de, no mínimo, 600.000 células /semente. Pesquisas comprovam que a fixação de Nitrogênio é crescente até 1.200.000 células/sementes.

Os inoculantes comercializados devem ter comprovada sua eficiência agronômica. Para isso, deve apresentar na embalagem o selo de que estão sendo fiscalizados e liberados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Verifique sempre, na embalagem, o número de registro do MAPA. Ao adquirir o inoculante, certifique-se que ele não está com o prazo de validade vencido. Da mesma forma, veja se ele possui 1X108 células viáveis, por ml ou g do produto comercial, além de conter, pelo menos, 600.000 células/semente.

Deve-se observar se o inoculante está armazenado em local com condições de temperatura e aeração adequadas. No momento do transporte, deve-se mantê-lo em condições de sombreamento e arejamento, afinal estamos lidando com organismos vivos.

Certifique-se que o inoculante comprado tenha pelo menos 2 das 4 estirpes recomendadas para o nosso país (SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080).

Como fazer a aplicação

Nos inoculantes turfosos, deve-se umedecer as sementes, com uma solução açucarada ou adesiva. Ao adicionar o inoculante, deve-se ter bastante cuidado para que a mistura seja bem feita; para isso, existem equipamentos específicos, que são tambores ou betoneiras. Por fim, deixa-se secar à sombra, procedendo ao plantio. O mesmo serve para os inoculantes líquidos.

Outra forma de inoculação é a aplicação direta nos sulcos do plantio. Essa prática pode ser adotada para quem faz tratamento de sementes utilizando muitos fungicidas e nutrientes. A dose de inoculante é 6 vezes maior que a normal, independente se o solo já foi inoculado ou não, gastando-se, em média, 50 l/ha de volume de calda.

Cuidados

Deve-se fazer a secagem das sementes na sombra, protegidas do sol e do calor excessivo. O plantio deve ser feito no mesmo dia, principalmente, se a semente for tratada com fungicidas e micronutrientes.

Ao depositar as sementes na plantadeira, as altas temperaturas devem ser evitadas, pois o calor diminui o número de bactérias favoráveis às sementes.

Nos inoculantes turfosos, deve-se fazer a solução açucarada, para promover a aderência na semente. Usa-se em torno de 300 ml de solução para 50 kg de semente, adicionando 100 g de açúcar e completando com 1 litro de água.

A mistura do inoculante com as sementes deve ser bem feita para garantir que todas as sementes sejam cobertas.

O tratamento com fungicidas diminui bastante o número de células por sementes e deve ser utilizado se realmente as sementes necessitarem.

A aplicação de Cobalto e Molibdênio é muito importante para que a fixação biológica de Nitrogênio obtenha sucesso. Aplica-se, geralmente, de 2 a 3 g de Co e de 12 a 30 g de Mo/ha, nas sementes, ou se pulveriza via adubos foliares, nos estágios de desenvolvimento, de V3 a V4.

Em áreas onde foram aplicados os inoculantes, deve-se repetir a aplicação todo o ano. Há ganhos, em torno de 4,5 %  em rendimento de grãos, a cada ano. Em área de primeiro ano, deve-se fazer a inoculação, de forma eficiente e cuidadosa, para obter bons ganhos, pois as bactérias Bradirhizobiuns não se encontram naturalmente em nossos solos.

Deve-se ter muita cautela na aplicação de Nitrogênio em formulações, pois esta diminui a fixação biológica da planta. Como as fórmulas de adubo com baixo N se mostram mais economicamente viáveis das que têm 0 de N, deve-se utilizar no máximo 20 kg/ha do nutriente.

A prática da inoculação, no Brasil, tornou-se bastante conhecida e utilizada por praticamente todos os agricultores, que reconhecem suas vantagens e ganhos econômicos em virtude de seu uso. Mas é importante atentar para os detalhes descritos acima, para que se possa tirar o máximo de proveito dessa técnica tão rentável para a cultura da soja.

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Andréa Rocha 15-07-2013 Agricultura

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