Helicoperva: ameaça real na safra agrícola brasileira

As lagartas que formam o gênero Helicoperva são muito agressivas e já preocupam os agricultores quanto à próxima safra agrícola

 As lagartas que formam o gênero Helicoperva são muito agressivas e já preocupam os agricultores quanto à próxima safra agrícola.

Helicoperva: ameaça real na safra agrícola brasileira

As lagartas do gênero Helicoperva são de rápida adaptação e voracidade, alimentando-se de folhas, vagens, grãos e flores de várias culturas, além das  maçãs do algodão. Elas se transformam em mariposas, que possuem alta capacidade de mobilidade e rápida reprodução.

Atualmente, na região dos cerrados, a agricultura está sendo seriamente atacada, principalmente na última safra. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Pará, Piauí, Maranhão, Goiás, Paraná, São Paulo e mesmo o Distrito Federal já registram forte ataque.

O Estado da Bahia decretou emergência fitossanitária, devido à alta incidência da Helicoperva. Em algumas lavouras baianas, chegou-se a fazer 6 aplicações de inseticidas, aumentando consideravelmente os custos de produção.

Na Austrália, os agricultores convivem com esse problema há 10 anos e já sofreram 3 quebras de safra, devido ao ataque de pragas, entre elas a Helicoperva.

No Brasil, os ataques estão ocorrendo nos mais diversos tipos de lavoura, como a de milho, soja, algodão, feijão, milheto e sorgo. Estima-se que esta  lagarta possui a capacidade de se alimentar de cerca de 200 espécies vegetais. São calculados prejuízos de mais de 10 bilhões de reais. Muitos já falaram até em bioterrorismo.

Em Brasília, por meio de exames feitos por especialistas no órgão sexual masculino da lagarta, além da análise molecular dos adultos, identificou-se a espécie Helicoperva armigera. A criação de um consórcio de manejo da Helicoperva, a nível nacional, já envolve órgãos de pesquisa e extensão oficiais, além de empresas privadas e agricultores, para que se faça um monitoramento adequado e se tome as providências cabíveis.

Causas

As possíveis causas da ocorrência da Helicoperva e sua rápida evolução deve-se a vários fatores que, somados, dão origem a um problema que merece nossa atenção. São elas:

-Práticas de cultivo inadequadas, como a falta de rotação de culturas;

-Sucessão de culturas hospedeiras. Término da safra de soja e milho e início da safra de algodão ou feijão. Ou então, início da safrinha de sorgo e milho. Isso faz com que a lagarta sempre encontre meios para se alimentar e se reproduzir;

-As culturas plantadas ocupam áreas muito extensas;

-Uso inadequado de espécies transgênicas;

-Uso inadequado de agroquímicos.

Monitoramento

É preciso urgência para se montar esquemas de monitoramento tanto a nível nacional como a nível de agricultor. Deve-se avaliar a evolução dos ataques da Helicoperva, a incidência em outros Estados, bem como a sua severidade. A nível de agricultor, é muito importante o monitoramento para saber o momento exato de iniciar o controle, além da alternativa mais viável.

A nível nacional, o monitoramento é de extrema importância para que se possa emitir um alerta aos agricultores. Sistemas de amostragem, como as armadilhas luminosas e as armadilhas de feromônios devem ser utilizados para esse fim.

Já a nível de agricultor, as amostragens devem ser feitas, de maneira direta, ou seja, observando o nível de dano nas lavouras, conforme regras pré-estabelecidas. Nas culturas do feijão e soja, utiliza-se a amostragem com pano de batida.

Controle

O primeiro passo para se fazer o controle é utilizar as tecnologias já tão estudadas dos MIP´s. MIP significa manejo integrado de pragas e consiste em uma série de medidas a serem tomadas nos plantios como: estruturação de épocas de plantio, rotação de culturas, espaçamentos adequados, monitoramento, aplicação de agroquímicos, entre outros.

No caso da Helicoperva ssp , algumas medidas podem ser adotadas, como:

-Diminuição das janelas dos plantios, para diminuir o tempo de disponibilidade de alimentos para as lagartas;

-Destruição de restos culturais, como os do algodão;

-Escolha adequada, para cada região de espécies transgênicas Bt., e realização das áreas de refúgio;

-Rotação de culturas;

-Escolha do controle biológico como alternativa, como a utilização do parasitóide de ovos Trichogramma pretiosum;

-Uso de agroquímicos, que já estão sendo liberados emergencialmente para o combate à praga, com a dosagem correta e a tecnologia de aplicação adequada (sem o uso de misturas).

Atualmente, a formação de profissionais capacitados para monitoramento e ações de controle é fundamental. Pesquisas para que se conheça a respeito da Helicoperva, em todos os meios, tornaram-se urgentes, dada a severidade e os prejuízos que esta lagarta vem causando aos agricultores.

O restabelecimento do equilíbrio natural do meio agrícola, bem como a retomada da produção agrícola normal estão na pauta do dia de todos os que trabalham no agronegócio. Sejamos pró-ativos, buscando as informações necessárias para que o problema da Helicoperva ssp, em nossa agricultura, seja um marco para a melhoria do sistema agrícola,  procurando soluções para a continuidade do nosso processo produtivo.

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Andréa Rocha 08-08-2013 Agricultura

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