Bicho-da-seda: como é feito o manejo na sericicultura

O bicho da seda é uma lagarta que dá origem a um casulo de onde se extraem os fios de seda

 O bicho-da-seda é uma lagarta que dá origem a um casulo de onde se extraem os fios de seda.

O bicho-da-seda é uma mariposa (Bombyx mori) que tem sua origem na Ásia, mais precisamente na China, onde já era domesticada desde 3000 a.C. A sua forma larval, que é uma lagarta, demora cerca de 30 dias para adquirir uma coloração amarelada. Nessa fase, ela começa a formar um casulo onde ocorre a metamorfose, até sua fase adulta, quando passa a se chamar imago. É o casulo que dá origem aos fios de seda, tão importantes na indústria de tecidos internacional. A criação de bichos-da-seda - a sericicultura - é muito importante para os pequenos agricultores, pois emprega mão de obra familiar. Daí a necessidade de se conhecer o seu manejo.

Atualmente, a criação do bicho-da-seda é feita em convênio com as empresas que compram os casulos. Geralmente, as empresas criam as lagartas durante as 2 primeiras etapas do ciclo larval. Em seguida, passam para o produtor, sendo criadas do 3° ao 5° ciclo. Essa criação é feita no início da primavera, pois se aproveita o crescimento da amoreira, que é a fonte de alimentação do bicho-da-seda. São aproveitadas as folhas da amoreira até o surgimento da 4ª ou 5ª folha. A entrega das lagartas é feita com a prévia organização dos produtores rurais junto a empresas fiadoras. Em algumas regiões, ela pode se estender a abril.

Desinfecção

Umas das principais operações para receber as lagartas é a desinfecção dos galpões onde ocorre a criação, chamada sirgaria. Existem muitas doenças que podem contaminar e matar as lagartas, pois os patógenos permanecem nas instalações. Daí a preocupação com uma desinfecção bem feita. Deve ser utilizada uma solução de formol a 3% e devem ser gastos cerca de 3,7 litros para 10 m² de instalação. O produto deve permanecer, pelo menos, por 15 horas no local. A caiação dos pisos é de igual importância, menos nas criadeiras.

As camas

Nas fases iniciais, ou seja, no 1° e 2° ciclos, é possível criar uma caixa de lagartas em 1 m², sobrepostas em até 5 caixas. Já nas 3ª, 4ª e 5ª fases, os adultos precisam de 33 m², por caixa, sem se fazer a sobreposição. Caso contrário, aumenta-se a possibilidade de transmissão de doenças.

Alimentação

As lagartas se alimentam exclusivamente de folhas de amoreiras. As lagartas novas são mais exigentes. A elas devem ser servidas folhas mais tenras e macias, que terão maior teor de água, proteínas e açúcares, e menor teor de fibras e amido. A escolha das folhas ocorre da seguinte forma: pega-se na ponta do ramo e puxa-se para baixo, em um ângulo de 90 °. A primeira folha que se encontra em pé é considerada a 1ª folha do ramo, chamada "folha padrão lustrosa", por isso a alimentação deve ser feita conforme a idade:

1° ciclo - servir da 2ª à 5ª folha;

2° ciclo - servir da 2ª à 8ª folha;

3° ciclo - servir ramo inteiro;

4° ciclo - servir ramo inteiro;

5° ciclo - servir ramo inteiro.

Deve-se ter cuidado ao colher as folhas. Estas devem ser colhidas nas horas mais frescas do dia. Durante seu transporte e armazenagem, deve-se cobri-las com panos úmidos até serem servidas. Para as lagartas até o 2° ciclo, é necessário picar as folhas no tamanho das lagartas. Já as que estão do 3° ao 5° ciclo, deve-se servir as folhas inteiras.

Limpeza

É importante fazer a limpeza das camas para retirar fezes, restos de alimentação e lagartas mortas. Coloca-se uma tela fina, coberta de folhas, sobre a cama, e espera-se que as lagartas passem por ela. Daí procede-se à limpeza.

Manejo de cal

Quando as lagartas estão mudando de fase, ficam com uma aparência firme e brilhante. Para facilitar a muda, joga-se cal sobre elas conforme a técnica recomendada. No 5°ciclo, não é feita a caiação.

Condições ambientes

A temperatura tem valor fundamental. Em temperaturas mais altas, as lagartas se desenvolvem mais rápido; em baixas temperaturas, estas se desenvolvem menos. Quanto menor a luminosidade, maior o desenvolvimento das lagartas. A qualidade do ar é importante, pois o CO² tem grande influência, pois diminui o desenvolvimento das lagartas. A umidade também é importante, influenciando no desenvolvimento, no murchamento de folhas e no aparecimento de patógenos.

A entrega das lagartas já é feita e organizada pelas empresas de fiação. Após a entrega, deve-se seguir uma tabela de manejo para uma melhor organização das atividades diárias, como a alimentação das lagartas, o controle das condições ambientes e a realização da caiação.

A criação de bichos da seda no Brasil já é feita há bastante tempo. As condições climáticas e o cultivo da amoreira facilitam os manejos. O mercado interno não absorve muito o fio de seda, mas, em compensação, o mercado externo é muito intenso e absorve praticamente toda a nossa produção.

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