As microcervejarias brasileiras começaram a surgir, no início da década de 90, como alternativa para o consumo quase exclusivo de cervejas Pilsen. O grande diferencial desses produtos é a ausência de conservantes e pasteurização, bem como a fabricação de tipos bem variados. Algumas, acompanhando a lei da pureza alemã, e outras, fazendo uso de misturas, incluindo produtos nacionais, como o açaí, acompanhando escolas mais livres, como a Belga.
Matérias-primas
Água: Este é o principal ingrediente na fabricação da cerveja. Corresponde a 90 % do que é necessário para a sua produção. Há o costume de se achar a qualidade da água limitante para sua fabricação, mas, atualmente e no caso de cervejas artesanais, isso não é verdade. Basta observar se a água apresenta os requisitos mínimos, para ser usada no processo, como o Ph em torno de 6,5 a 7, além do tipo de cerveja que se deseja fazer. Atualmente, é possível mensurar o Ph da água por meio de kit´s vendidos para piscina. Pode ser usada água mineral, que já vem com informações de Ph, ou mesmo água de torneira, que possui cloro, mas este pode ser retirado com a fervura. A qualidade da água é importante, independente de ser oriunda de fontes puras ou da torneira. Muitas vezes, a qualidade da água da torneira é bem superior à de poços artesianos.
Malte: Qualquer cereal pode ser maltado. Entretanto, por possuir muitas proteínas a serem acrescentadas ao processo, a cevada é a mais utilizada. O malte é obtido, em condições de umidade controlada, onde se deixam os grãos dos cereais germinarem. Em seguida, secam-se os grãos em etapas, para que estes ganhem características como: claro, escuro, torrado e caramelado. Finalmente, eles passam por um processo chamado crivagem, que é a retirada dos brotos (radículas), e assim seguem para o armazenamento. Em média, gastam-se 200 g de malte para cada litro de cerveja. Esse importante ingrediente é que promove a cor e o corpo (densidade) da cerveja colaborando também com o sabor e o aroma.
Lúpulo: O lúpulo é uma planta trepadeira, cultivada em regiões de climas muito frios, como as regiões mais ao Norte da Europa. A flor da planta feminina possui vários óleos essenciais, resinas e especialmente o ácido alfa que confere o amargor à cerveja. Por isso, o ácido alfa é considerado o tempero da cerveja. Além disso, ele contribui com o aroma, o sabor e a retenção da espuma. Há várias formas de adquiri-lo: a flor em si, peletes, óleos essenciais e extratos.
Fermento: Esta é a parte viva da cerveja, responsável pela transformação dos açúcares, no mosto da cerveja, em álcool e gás. Há os fermentos de alta fermentação (atuam na parte de cima do produto) e de baixa fermentação (atuam no fundo do produto). Cada um possui uma faixa de temperatura onde atua com maior eficiência: os de alta fermentação atuam em torno de 18 a 24ºC e os de baixa fermentação atuam de 9 aos 13°C.
Com os ingredientes mencionados acima, são elaborados muitos tipos de cerveja, segundo a lei da pureza alemã. Entretanto, há muitos fabricantes que seguem escolas mais livres e misturam os mais variados ingredientes: café, chocolate, mel, capim cidreira, rapadura e outros.
Método básico de produção
Os métodos variam de acordo com a cerveja que se pretende fazer e a tecnologia disponível. Vejamos:
-Moagem do malte para que o amido fique exposto e possa ser usado durante o processo;
-Maceração: o malte moído é misturado à água e submetido a certas temperaturas para liberar açúcares;
-Após o amido ser transformado em açúcares, faz-se a filtragem para retirar os bagaços e obter o mosto, já com cor de cerveja;
-Ferve-se o mosto, cerca de 1 hora a 1 hora e meia, para que sejam obtidas certas substâncias e sejam volatizadas outras. É nesse momento que se adiciona o lúpulo;
-Decantação: após a fervura, as proteínas coaguladas descem ao fundo do mosto. Este é limpo e retirado pela parte superior/lateral do recipiente;
-Resfria-se o mosto, para que se adicione a levedura. A temperatura dependerá do tipo de levedura utilizado. Após a adição, ocorre a fermentação.
-O mosto fermentado chama-se cerveja verde. O processo de fermentação ocorre durante alguns dias, transformando os açúcares em álcool e CO2. Após esse processo, a levedura é separada, sendo também retirados outros gases da mistura;
-Nesse ponto, a cerveja se encontra maturada. Filtra-se a mistura, adicionando-se mais CO2. Por fim, ela toma a aparência que conhecemos nos bares;
-Depois é só fazer o envasamento em garrafas, latas e outros, com cuidado para não entrar oxigênio.
É importante salientar que todas as etapas de fabricação da cerveja artesanal demandam muito cuidado com a higiene para não haver contaminação e obter uma cerveja de qualidade. Mesmo que as instalações e os equipamentos sejam bem simples e caseiros.
A fabricação de cervejas artesanais é um negócio relativamente novo em nosso país, não alcançando nem 5%do mercado total de cervejas. No entanto, com as mudanças do hábito de consumo, a curiosidade e a lapidação do paladar dos brasileiros, esse mercado tem muito a crescer. O que vale é experimentar os diferentes sabores das cervejas artesanais, mas com moderação.
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